quinta-feira, 12 de maio de 2016

Minha próxima personagem será um 'imperador de si mesmo'... E, ao cabo de suas impulsividades íntimas e tempestuosas, chegará à conclusão de que ele é um legítimo ninguém, destituído de qualquer identidade. Tal qual o ator, passou a vida paramentando-se de muitos 'alguéns' e esqueceu da necessidade que há em consolidar alguma essência. Ou será essa, precisamente, a sua essência: não ter qualquer essência? Esse é o fardo e a recompensa que carrega o ator: com o dever de ser muitos, esquece de quem se é. Que maravilha que é ser ator! Aqui de dentro, do ninho vaidoso do meu ego dilatado, vejo-me pelo lado de fora, enxergando o ridículo que sou, moldado por um teatro do qual sempre tive total domínio, e, igualmente, fui um perfeito refém. Meu epitáfio está sendo esse: 
'Aqui jaz ninguém'... Acrescento eu: 'um maravilhoso ninguém'.


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