quinta-feira, 28 de setembro de 2017
O verbo não faz sentir, mas o verbo, em si, sente. Isso porque o verbo é formalmente algo real e anterior a quem o apreende. Por isso que Shakespeare não comporta psicologia nenhuma. Porque não é o ator quem sente a personagem, assim como se fosse possível sentir alguma coisa que já é o que é antes de ser sentida. Em verdade o termo 'ser sentido' já é absurdo. É sentimento puro antes da ideia de tentar senti-lo. O verbo é o que é. E o ator é esse canal de abertura para alguma coisa que existe por si só. Seu papel é somente esse: deixar ver o que já sempre existiu com propriedades próprias, nunca íntimas ou pessoais. O ator não vive a personagem, ao contrário. Faz viver o que já é vivo desde o princípio em que se fez real.
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segunda-feira, 25 de setembro de 2017
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segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Aprendam: a pergunta mais idiota que se pode fazer a um artista é o que ele quer dizer com a sua obra. Se ele quisesse dizer alguma coisa ele diria, não fazia a obra. A pergunta mais idiota que se pode fazer a um ator é quem é a personagem que ele representa. Se ele soubesse quem é a personagem que representa possivelmente a convidaria para lamber um picolé na esquina, e não faria uma peça de teatro com a bendita personagem que lhe cabe. A pergunta mais imbecil que se pode fazer a um dramaturgo é o que a história dele contribui para a situação atual em que vivemos... Se ele quisesse contribuir com alguma coisa para a situação atual em que vivemos ele não escreveria história nenhuma e se candidataria a vereador, chefe de ONG, benemérito do Criança Esperança, apóstolo de ovelhas em alguma franquia do Templo do Salomão e etc
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Não é necessário postar foto do universo ao lado do tamanho da Terra para fazer alusão a nossa reles insignificância. Faça teatro. A sensação é a mesmíssima. O minúsculo do tablado onde se pisa é, talvez, ainda mais pedagógico. E justamente porque os pés estão bem fincados no chão. Prefiro a filosofia das coisas concretas àquelas outras que me escapam pelos dedos e fogem da minha escala visual. Sou desses que preferem abrir uma caixinha de música e olhar a dançarina inanimada que balia ao som da melodia. E depois fechar a caixinha. E ver a dançarina sumir junto com a música quando a caixinha é fechada. Saber que a dançarina só baila quando eu resolvo abrir aquela caixinha me dá uma sensação de poder e melancolia. De fracasso e sucesso. Tudo ao mesmo tempo. Depois disso, se você ainda se sentir o protagonista de qualquer coisa, aposente-se de tudo e volte ao ensino fundamental..., você não entendeu nada de nada, e há tempos que não entende nada de nada.
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quinta-feira, 7 de setembro de 2017
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segunda-feira, 4 de setembro de 2017
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