domingo, 29 de julho de 2018

Teatro é muito menos importante que a vida. Acho o teatro igualzinho ao palmito = não tem valor nutricional comparável ao arroz e ao feijão..., mas é infinitamente mais gostoso. Nenhuma constituição legislativa é mais importante que Shakespeare, mas Shakespeare é infinitamente mais legal e divertido que qualquer conjunto de leis. A vida viveria perfeitamente bem se os teatros cerrassem as cortinas. E essa é a maior das vantagens do teatro: a sua maravilhosa desimportância para tudo o que rege o essencial da vida. E, pasmem! O que restará para contar a nossa história não será nada do que está na pauta do urgente, do necessário, do justo. É Shakespeare, é o "era uma vez", é Machado de Assis = representantes da nossa maior benção, quase sempre inconsciente quando estamos mergulhados no fluxo implacável da existência, a saber, o nosso retumbante fracasso em tentarmos perseverar, e todas as alegrias e tristezas que envolvem esse remar para longe do naufrágio iminente.
A principal sentença de morte ao teatro não é considerá-lo inútil (esse é o maior dos prêmios!). É, ao contrário, dar ao teatro um protagonismo que nunca poderia ser dele.



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