Senhores? Serei franco. Tenho desejos inconfessos de pendurar de cabeça
para baixo e servir para os abutres almoçarem quem usa o termo 'nasceu'
na ocasião de uma estreia de peça de teatro. Senhores? Convenhamos! Uma
peça de teatro não nasce, só estreia mesmo. E quando acaba, não morre
não, só vira purpurina. Porque essa coisa de 'nascer' remete
imediatamente a rebentos remelentos, que choramingam e sujam as fraldas
minuto sim minuto não. Senhores? Querendo procriar, que procriem! Mas
deixem o teatro longe da maternidade das vossas querências. Ou melhor!
Não procriem não! O que não falta nesse palco da existência são bípedes
falantes iguaizinhos a vós que estais aí a matar o tempo ao ler essa
nota de profunda relevância. E, lembrem-se: ao subir ao palco, não
nasçam! Pelo amor de Deus Pai!
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