terça-feira, 1 de setembro de 2015

Há uma ética fundamental no distanciamento, nessa prática de não identificar-se, de estar à margem para ver e sentir o que há do lado oposto à margem onde se está. É como o ator que entende a sua personagem como um monumento artificial, estrangeiro a si próprio. Esse intervalo entre um e outro, como a distância entre uma margem e outra, é o que permite o verdadeiro conhecimento, aquele que usa o coração não para tudo deglutir e apropriar, mas para reconhecer que só quando há oposição é que é possível saber o que há de comum, aquilo que pertence ao meio. Afinal de contas, o rio não seria um belo rio, sequer um rio qualquer, não houvesse duas margens opostas e contrárias que o emoldurasse e fizesse correr suas águas...



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