sábado, 20 de setembro de 2014

Teatro-religião

Pensando em teatro, há um parentesco extremo e fundamental entre arte e religião, entre a relação homem-Deus, ator-personagem. O religar-se do artista do palco é esse vínculo de alcance a algo mais fundamental, para além de si próprio. E a questão que fica é a mesma resvalada pelos adeptos da fé religiosa, ou seja, a entrega à existência de uma entidade absoluta, onisciente, onipotente. A personagem não pode ser tal entidade, o ator em nada se aproxima dessa concepção de submissão ao subjetivismo de uma ideia impalpável, escrita em linhas numa folha de papel. É ele próprio, ao contrário, o conhecedor e gerador de uma qualidade outra, superior e imanente à sua pessoa. Dessa forma, agir como ator é também experimentar agir como Deus, sem qualquer hierarquia de valores e perda de papéis - o ator não deixa de ser ator, a personagem não é algo materializável - ator e personagem encontram-se no 'ENTRE', somente no encontro das duas partes envolvidas. Está aí o campo sagrado no teatro. 


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