terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Shakespeare é um engessamento do espaço(-tempo); Machado de Assis é um engessamento do tempo(-espaço); Fernando Pessoa engessa a própria consciência de ser quem se é (ou imagina-se ser); e os três - essa trinca de autores do enclausuramento da liberdade -, produzem, cada qual em seu termo poético, um grande manifesto antitranscendental do ser humano, uma análise assustadoramente concreta e lógica da impossibilidade de redenção metafísica do homem. São os três: Shakespeare, Machado e Pessoa, autores explicitamente adeptos do disfarce, da personagem, da máscara, pois é somente através do uso do artifício explorado em suas últimas consequências, e sem qualquer vestígio de emancipação psicologizante do indivíduo, que é possível alcançar uma consciência do material, daquilo que é palpável e comum a todos, aquilo que é imanente ao sistema artificial de engrenagens que faz girar o jogo - igualmente artificioso - da vida.

Estamos, portanto, ao lado de três grandes poetas adeptos da filosofia espinosiana... Evidentemente distantes de Platão e seu mundo perfeito das ideias abstratas.


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