sexta-feira, 1 de abril de 2016

Shakespeare é bom porque tudo nele é dito, não sobra um único cantinho de escuridão da alma. Tudo é revelado. Mas que delícia também é esse outro teatro que tudo diz para nada dizer. Ou melhor: que diz dizendo aquilo que nunca é possível dizer. É também uma forma de revelar tudo, de atravessar o homem sem qualquer piedade. O teatro é bom por isso, ao menos o bom teatro: não abre concessões para chegar até a única verdade possível: a de que somos nós, cada um de nós, seres maravilhosos e horrorosos na mesmíssima medida, e ao mesmo tempo. O bom teatro celebra o teatro inteiro que somos, cada um de nós o resumo condensado das contradições que nos ergue em vida. Quanta diferença para os melodramas televisivos que nos engessam num maniqueísmo burro, que faz burros os seus atores, e que celebra a burrice como narrativa.



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