sexta-feira, 1 de abril de 2016

Porque da mentira compartilhamos todos nós: escritores e atores. E também todos os que não são escritores ou atores. Afinal, todos mentimos, escritores ou não escritores, atores ou não atores. Mentimos porque é urgente que se minta, ao menos para conseguir suportar a verdade que não nos ajuda a viver bem. E talvez nós, escritores e atores, podemos ter a sorte de saber disso. Ou o azar de saber disso. Porque a mentira de que fazemos uso, nós, atores e escritores, é uma mentira inventada, só nossa, e sobreposta à mentira que aí já está para ser vivida. E aí temos consciência dela, dessa outra mentira maior, da mentira original que por tantas vezes é cegada a título de nos imaginar detentores de alguma verdade. Ou a verdade seja só essa: a de que precisamos acreditar de que somos verdadeiros. E saber de tudo isso é bastante dolorido. E é por isso que somos escritores ou atores, porque, em alguma medida, essa dor é insuportavelmente real, e precisa encontrar maior de ser vazada. A página e o palco servem-nos como drenos dessa dor.



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