segunda-feira, 25 de abril de 2016

Ontem os refletores piscaram ameaçando uma escuridão total durante o espetáculo. No dia anterior foi a caixa de som que parecia viva. O ato político do teatro é justamente esse: saber lidar com as intercorrências não programadas que o instante lhe oferece. Porque imaginar-se parte integrante de algo pronto e acabado é sofrer rasteiras. E é esse estado de equilíbrio precário do teatro que faz do ator alguém necessariamente atento aos arredores. Coisa que deveria ser repetida fora do teatro, na vida. O perigo da queda, a iminência do acaso, a sensação de risco constante. São esses os elementos políticos do teatro. A mensagem ideológica defendida no espetáculo pouco ou nada importa frente à concretude do exercício de estar exposto e ao vivo àquilo que não permite engessamentos. O ato político do teatro é o próprio fato de haver teatro. 
O mundo seria menos histérico, mais atento ao outro, consideravelmente mais silencioso e altruísta, caso o teatro fosse mais frequentado, tanto na plateia quanto no palco.


...


...

Nenhum comentário:

Postar um comentário