sexta-feira, 1 de abril de 2016

Elimine o maestro que pode carregar por si só uma imagem despótica - e às vezes o é um déspota de verdade! -, e dê o fagote ao violinista. Ele não saberá tocá-lo. E entregue o violino ao trombonista. Tampouco este saberá o que fazer com o instrumento novo. Troque a trompa do trompista com o tímpano do percussionista e ambos - trompista e percussionista - estarão igualmente perdidos! No entanto, todos tocam juntos! De posse de seus instrumentos pessoais e completamente ignorantes em relação ao instrumento do naipe vizinho, a despeito disso - das diferenças concretas e reais - todos tocam a mesma sinfonia, e juntos! Meu Deus! Que maravilha que é uma orquestra! Há ritmo! Todos tocam juntos porque há um tempo em comum! É isso o que há entre os instrumentos, o que neutraliza e potencializa as diferenças: UM TEMPO QUE PULSA EM COMUM ACORDO! E o que dizer das nacionalidades dos músicos? Acabo de ouvir um pianista do Uzbequistão (é assim que se escreve?) tocar um concerto com uma orquestra brasileira! Uma peça de um compositor francês! Todos em COMUM ACORDO ainda que se resolvessem abrir a boca um mal compreenderia o outro! Meu Deus! Que maravilha é uma orquestra! Que lição de civilidade, democracia, convivência! Arrisco a dizer que o exemplo é dado porque nada é mais concreto do que o RITMO, o tempo que PULSA. Nada de ideias, de conceitos, de abstrações filosóficas! Não! Há comunidade porque Há CORPO. E havendo CORPO há em o que tocar e respeitar o que há de específico e diferente nas diversas formas a EXISTIR. HÁ OFÍCIO e HÁ CONCRETUDE! Meu Deus! Que lição de ética. Que maravilha de vida que é possível alcançar com a convivência absoluta das diferenças em COMUM e COLETIVO acordo!

Emocionado com a OSESP.

Por que sou ator, meu Deus? Por que sou eu refém da palavra que a mim convoca a sumir no abstrato das ideias? CORPO! MAIS CORPO! Menos IDEIAS!


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