quarta-feira, 27 de abril de 2016

Não me peçam intimidade! Não queiram proximidade de mim. Minha pouca inteligência é feita de matérias de lonjuras. Preciso olhar a moldura, sentar-me no lugar mais afastado da plateia do teatro. Seus solilóquios só interessam-me se eu puder observá-lo engolido pelo urdimento infinito do palco. Se houver diálogo entre nós, será um diálogo à distância: eu aqui, você ali. E não há nada de frieza nisso! Ao contrário! Só posso respeitá-lo se for me dado o direito de preservar o mistério que há em você. Não quero conhecê-lo - dessa tarefa árdua já basta-me a obrigação de ter de me conhecer, e diariamente, porque desconheço-me na mesma rapidez em que tomo consciência de mim. Quero de você o mesmo respiro que tenho para com as paisagens: um silencioso pacto de duas metades separadas pelo horizonte impalpável.


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