sábado, 1 de agosto de 2015

Acabo de ver um desses atores da nova geração da TV concedendo uma entrevista a um programa de entrevistas no mesmo canal de TV cujo ator em questão exercita o seu jeito bastante pessoal de ser-ator. E esse tal jeito bastante pessoal de ser-ator é algo tão importante para o tal ator, parece-me, que o jeito do ator conceder a tal da entrevista é exatamente a cópia fiel do jeito com que o tal ator é ator quando exerce a sua função de ator dentro das obras de dramaturgia da mesma emissora. A melodia da voz, o tônus dos movimentos do corpo, o foco do olhar, o topete penteado para o lado direito, os risinhos de canto de lábio... Tudo igual. O jeito é o mesmo. O jeito bastante pessoal de ser-ator. Imagino eu que ser-ator, hoje, em nada tenha a ver com ser-ator de fato, senão em descobrir um jeito bastante pessoal de ser-ator, um jeito bastante agradável que seja possível transferir para as diversas instâncias da vida, seja para conceder entrevistas, comprar pão na padaria, coçar as frieiras do pé esquerdo, ou, quem sabe e de vez em quando, aproveitar o tal jeito de ser-ator para ser-ator quando necessário for. O importante, parece-me, é emplacar uma certa manutenção de equilíbrio estável entre essas ferramentas de construção do jeito de ser-ator para que o ator possa sustentar a sua empatia perante o mundo, e fazer do ator cujo jeito de ser-ator é o que lhe garante o status de ser-ator, um maravilhoso exemplar de alguém parecido com outros muitos alguéns, também jeitosos em seus bastante particulares jeitos de ser...


...


...

Nenhum comentário:

Postar um comentário