Foram três personagens na sequência: um bajulador inveterado, um
facínora sanguinário, e, agora, um espírito desejoso por sua liberdade. E
são os três, nas suas mais abissais diferenças, uma única e mesma
coisa. Porque a coisa de que se trata é o homem. Esse é o único
personagem shakespeareano: o homem. É por esta razão que interpretar uma
personagem do autor inglês é um desafio quase que esquizofrênico,
porque a personagem nunca encerra-se naquilo que ela é ou mostra ser. Ela
é tudo e todos ao mesmo tempo. Como é também o homem. Um personagem
infinito. Interpretar uma personagem shakespeareana é afundar num
precipício todas às vezes em que, prestes a entrar em cena, a única
certeza de que se tem é que não é possível saber como interpretá-la.
Exatamente o desafio do homem frente à vida: quem de nós haveria de
saber dizer quem somos, e o jeito mais adequado de como viver?
O mundo é um palco, mas não sem antes o palco já ser o próprio mundo!
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