quinta-feira, 20 de agosto de 2015

O ator é o corrupto do bem. Finge quem não é com condescendência de causa. O ator é esse pilantra explícito que se pilantra não fosse seria acusado de honestidade criminosa. O ator é a reunião máxima desses ingredientes vexatórios que fora das tábuas do teatro renderia a quem quer que fosse um ingresso vitalício no hospício. Mas no teatro a loucura é matéria prima, a falta de vergonha na cara é premissa básica. O ator é essa espécie de mártir que sacia os desejos inconfessos de sermos verdadeiros na nossa primeira e única essência natural: a de seres mascarados, inconstantes, sensíveis ao barulho da ordem e da disciplina, saudosos do tempo em que podíamos ser ninguém e muitos, e tudo ao mesmo tempo. O ator é esse eterno réu da Lava-Jato agraciado com a delação premiada, sempre acusado de sinceridade na sua mais deslavada ausência de escrúpulos...
Um viva a todos os atores nesse dia do ator!


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