domingo, 17 de julho de 2016

O teatro é que deveria chamar o público para o teatro, não os atores.
Vivemos ainda nos estertores do século XIX, quando saía-se de casa para ver Xisto Bahia, Brandão Filho, João Caetano... Com a diferença de que Xisto Bahia, Brandão Filho e João Caetano eram grandes atores de teatro. O girar da ampulheta do tempo fez-nos mais tapados. Hoje, um pouco de purpurina da fama, um topete penteado, um timbre de voz sexy, uma certa composição ética e moral de bom-mocismo preocupado com os destinos do mundo são atributos suficientes para mexer com os hormônios alheios e chamar público ao teatro. Enquanto ao teatro pouco se dá atenção ou importância.
Penso na Rússia, um país com tantos problemas quanto o nosso, onde as peças de Tchekhov mofam em cartaz por anos a fio com plateias lotadas. Para além do ator que sobe ao palco para fazer Tchekhov, é Tchekhov ele próprio o que interessa. É a peça de teatro, é a história contada, é o desejo comum de partilhar de uma história contada. Penso nos nossos vizinhos argentinos, com teatros em funcionamento de segunda feira à segunda feira, igualmente lotados, e longe de serem subsidiados pela burrice de uma indústria televisiva que torna a tudo e a todos bonequinhos de comércio. 

O teatro deveria ser mais importante do que os atores.


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