domingo, 13 de dezembro de 2015

É preciso ter um outro corpo e uma outra voz. É um crime inafiançável carregar para diante dos outros o mesmo timbre simpático que é o seu timbre habitual. Nada pode ser meramente simpático e habitual diante de uma plateia. Tudo deve ser rigorosamente falso e construído. E para isso há que se ter força, controle do tônus muscular, fôlego. Não dá para 'ser' quem se é no palco. É urgente que sejamos um outro que saibamos manipular, e que saibamos também sermos manipulados. Um 'ser' que deixa de ser esse corriqueiro 'eu' mas que também nada tem a ver com a personagem, que, a rigor, nunca existiu ou há de existir. É um 'eu' especial, consciente a cada segundo da construção de que é agente e alvo. Ser ator é exatamente igual ao que ocorre com um manipulador de marionetes. Não somos nem a marionete nem o próprio manipulador. Somos os fios que juntam os dois extremos.



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