sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Ainda na faculdade, lembro-me de um exercício em que eu representava Édipo e a minha colega a Jocasta. Dávamos as mãos e o texto seguia. Nesse exato instante - sinto como se fosse hoje! - minha companheira de cena começou a acariciar suavemente os meus dedos enquanto dizia suas falas, um gesto invisível à plateia, que funcionava para ela acessar sei-lá-o-quê de verdade da personagem ou dela mesma.Agradeço a ela até hoje. Prometi a mim mesmo NUNCA fazer teatro-de-relação, desses em que o olho-no-olho convida ao embargar da voz, ao turbilhão das lágrimas, ao aconchego da emoção que bate forte no peito. Agora que o tempo passou, já posso ser sincero: minha vontade foi a de desferir um tabefe com luvas de pelica na face rosada da minha interlocutora, e dizer: SAIA JÁ DAQUI, MAMÃE... ops, ou melhor: RAINHA, SUA SAFADA!


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