sexta-feira, 25 de julho de 2014

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Quando abrem-se as cortinas, o que se vê é um universo de impossível escalada, e os atores são entidades excepcionais, malabaristas habilidosíssimos, dançarinos de tirar o chapéu, artífices de cada gesto e palavra... Nada nem ninguém, nem um único detalhe ou expressão, chega perto da qualidade trivial, ordinária e enfadonha do cotidiano. Nenhum ator desse tipo de teatro encontra terreno fértil na naturalidade do existir, são, ao contrário, matéria de árduo labor imaginativo, batizados à força pela necessidade de presentificação de uma potência. Toda a poesia desse teatro é forjada em difíceis molduras, nada sobra como contingência do fluxo das coisas. A verdadeira poesia é invenção. O verdadeiro teatro NADA revela dos seus segredos, ele apenas É!
Bob Wilson dá um nó de gravata no ator que somos, sempre em busca que estamos do sentimentozinho que habita o coração do fulaninho para transparecer a alma da personagenzinha que dará conta de imprimir verossimilhança no mundinho que cremos ser real.
Pobreza de espírito, pobreza de criatividade, lacuna de talentos...
Geração da psicologia barata, do divã-ressentido, da terapia coletiva travestida de arte...
Umbigo melancólico, nosso melhor adjetivo.
Meu complexo de vira-lata provou-se patologia diagnosticada!
Somos de fato uma miséria!
Viva o bom teatro!
Viva Bob Wilson!


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