terça-feira, 15 de março de 2016

A plateia nutre sempre um desejo sádico de ver o ator tropeçar, de perder as estribeiras e ver desmontado o seu edifício ensaiado. E quando há o tropeço o ator também sai ganhando. Porque é um tropeço que reforça a natureza forjada daquilo que ele tanto se empenhou em erguer. Mas há uma ocasião de ainda mais sabor, que é quando o ator finge tropeçar. Nesse caso, é como se ele - o ator -, dobrasse os fingimentos: finge que é a personagem quem diz ser, e finge também perdê-la momentaneamente. É como enganar a plateia duplamente. Ela crendo reconhecer o truque, ele lançando mão do truque de perder falsamente o truque.

Até quando há quedas, propositais ou espontâneas, o teatro continua sendo o mais fantástico terreno de encontro entre ator e espectador.


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