quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Sentar-se num banquinho de madeira no centro de um palco vazio é coisa dificílima de se fazer... Um ator que faz isso sem exigir qualquer direito de existência faz qualquer coisa, qualquer personagem, vai da tragédia grega aos dramas contemporâneos, mastiga bifes intermináveis e povoa silêncios de precisão milimétrica. Porque a razão da coisa está justamente no banquinho e no palco vazio. É deles de que se trata, nunca do ator. Se o ator senta-se no banquinho num palco vazio é porque o palco vazio e o banquinho disseram à ele: sente-se. Só isso. E já é dificílimo de se cumprir. Agora, a pergunta pertinente é quando é que o palco vazio e o banquinho no centro do palco vazio convidam o ator a se sentar? Um sentar num banquinho sem ser convidado para tal configura que tipo de qualidade se presença? Me parece que o método mais justo de interpretação dramática para os tempos que seguem - tempos de vaidade, de auto-promoção, de maquiagem corretiva nos olhos - é esse mesmo: o do banquinho de madeira no centro de um palco vazio. Quem sobreviver a isso sobreviverá ao que vier a seguir.

Viva o teatro!

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