quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Repare que os nossos grandes atores tiveram uma escola essencial e que hoje nos falta: o rádio. Ator tem que saber falar. A assertiva é um tanto óbvia, mas não tão óbvia assim. Nossa geração é uma geração de gente que não sabe falar porque acostumou-se a se ver através da imagem, e dela fez o seu cavalo de batalha. O rádio exercia, pela própria indumentária de seu funcionamento, o que a máscara era nos tempos em que reinava como ferramenta poética: a função de esconder o ator. O que ultrapassa esse véu concreto e físico é a voz - até mesmo o corpo é consequência da emissão do verbo (creio profundamente nisso e discordo daqueles que pensam que corpo e voz andam juntos. A voz vai na frente! No princípio era o verbo e o verbo era Deus!) A nossa tragédia dos dias que seguem é só essa: sabemos como ninguém as regras de como pentear nosso topete, e, em contrapartida, somos frouxos, flácidos, sem energia alguma para emitir uma única frase com os desenhos sonoros que ela, em sua própria estrutura, nos convoca.

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