domingo, 6 de agosto de 2017

Primeiro o teatro, depois o ator. Primeiro o aquário, depois o peixe. O ator não é o protagonista do teatro, assim como de nada adianta um peixe sem aquário... E se o peixe estiver no mar, tanto faz, ele não será notado, é como se não existisse para nós. O assunto do teatro é o homem, mas o homem concentrado, redimensionado, portanto, não é o homem da rua o que interessa ao teatro, é um homem ideal, forjado, inventado, exatamente como o peixe do aquário, que só é possível existir se houver um aquário. De nada adianta um método que jogue luz no ator para que ele seja verdadeiro no palco. O aquário é nitidamente um mar falsificado, e é justamente pela sua falsidade que o peixe dá conta de sobreviver. Se a água do mar fosse despejada num recipiente de vidro e o peixe jogado dentro, o peixe morreria. Há todo um sistema artificial de simulação da qualidade da água do mar. Por isso o peixe sobrevive, um peixe que não pode ser um peixe do mar.

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