quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Se o mundo é um palco, é porque antes de tudo o palco é o próprio mundo reconstruído e redimensionado. Entendo melhor o que acontece diante de mim e para além de mim porque experimento em meu ofício a materialização artificial daquilo que não consigo tocar. Devo minha formação ética e política ao teatro, somente ao teatro. É no contato com o microcosmo que se pode entender o infinito das coisas inatingíveis, ou, ao menos, compreender e respeitar o tamanho impossível das coisas misteriosas. É por isso que o ensino das artes é coisa fundamental, porque sente-se na pele as duas funções primordiais para qualquer tipo de experiência coletiva e comunitária: a de autor do discurso que se produz, e a de espectador de si mesmo. É como se experimentássemos a certeza absoluta de sermos quem somos ao mesmo tempo em que duvidamos redondamente desse a quem imaginávamos que éramos. É essa dialética que nos torna atentos para a vida. O resto é silêncio.


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