sábado, 1 de outubro de 2016

Quem é revolucionário a ponto de dar-se ao luxo de poder sonhar jamais deixa-se ser manipulado, jamais vira massa de manobra, jamais vira gado de pasto, jamais cai nas graças da multidão virando um número dentre tantos. Peer Gynt estreia hoje. É um texto do século XIX que não foi entendido como teatro em sua época. O texto de Ibsen era um texto à frente de seu tempo. Era uma personagem à frente de seu tempo. Hoje continua assim. Hoje, em pleno período de elegia à Idade Média - não àquilo que a Idade Média tinha de bom, o que já me parece muito mais do que nós temos hoje, mas em referência à tudo o que nos amarra em raízes conservadoras - Peer Gynt continua sendo um acontecimento estranho, de rompimento de valores, de questionamento de tudo o que nos acostumamos a chamar de 'civilização'. É uma homenagem sobretudo ao teatro, que sempre - em todas as épocas - só existiu e existe porque jamais esteve distante de sua natureza transgressora. Nós, os bufões, os malucos, os sátyros, os palhaços, os atores que subimos diariamente ao palco temos o dever de sermos radicais na metáfora, e torcemos para que a poesia ganhe sentido de realidade na intimidade de cada um que vá até o teatro. O mundo se modifica de dentro para fora. Toda promessa que subtraia essa única verdade é mentirosa. 
Viva o teatro!



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