segunda-feira, 3 de julho de 2017

Acho que o protagonista do teatro é o acontecimento, não o ator. É possível um ator maravilhoso naufragar num acontecimento nenhum. Como também é possível um ator sem tantos recursos brilhar na carona de um acontecimento maravilhoso. Agora, quem gera o tal do acontecimento ou a falta dele? Acho que também é o ator, mas em parceria (ou recusa) com o que está ao seu redor. O acontecimento iluminado é aquele que acontece, ou pode acontecer, quando o ator desiste dessa coisa de defender a sua personagem e sobe ao palco acompanhado do precipício que é a própria exposição (um acontecimento iluminado é sempre um estado que inevitavelmente mergulha o ator num estado de desespero). O acontecimento nenhum é esse que propõe um nada de acontecimento quando o ator acredita que ele é o teatro, que a sua personagem é o que interessa, e que não há outra coisa a se prestar atenção senão ao seu sentimento extravasado a olhos vistos (o acontecimento nenhum, por sua vez, é coisa para lá de reconfortante para o ator, e também para o público..., sensação próxima a do sono).

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