terça-feira, 29 de novembro de 2016

Um jogo de futebol é como uma peça de teatro. Nenhuma das duas coisas precisa acontecer para que os eixos do planeta sejam redirecionados. Afinal, qual o sentido que há em correr atrás de uma bola tentando lançá-la num quadrado protegido por uma rede? E que razão existe em subir ao palco para fingir descaradamente que se é Hamlet, o príncipe da Dinamarca? Mais urgente seria construir viadutos, tratar de doenças, estudar o clima... Arte e esporte remam em outra direção, são departamentos da inutilidade. E, por isso, mesmo, são matérias essenciais da nossa íntima constituição de seres lúdicos, afeitos a tudo o que é simbólico e imprestável à fórmula do 1 + 1 = 2. Artistas e esportistas são faces da mesmíssima moeda. A cultura é o que nos ergue nessas duas pernas que temos; é ela, a cultura, que levanta a nossa cabeça para o alto, para o infinito, para tudo o que não é tangível. Caso contrário, ainda estaríamos dentro de cavernas catando pulgas uns nos lombos dos outros.


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