segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Diz o Velho-Stan: "Existem pensamentos e emoções que vocês podem expressar com suas próprias palavras. A coisa toda está aí, e não nas palavras. A linha do papel flui através do subtexto, não do texto. Mas, os atores tem preguiça de escavar até as camadas profundas do subtexto, e por isso preferem deslizar pela palavra externa e formal, que pode ser pronunciada mecanicamente e sem gastar a energia necessária par atingir a essência interior"...

Eu digo aqui, no auge da minha empáfia: tudo bobagem! Trilha essa anunciada para um ensimesmamento pretensioso que nada resulta em matéria de expressão. Elegia ao abstrato, ao eu-mesmo, a reclusão do artista na sua redoma íntima de sentimentos (quem se importa com os sentimentos alheios quando a tarefa é contar uma história? Eu prefiro chupar uma cebola a ver alguém se debulhar em melancolia afetada na minha frente). O que sobra de tamanho esforço - sob o pretexto de encontrar a verdade da tal da personagem - é tudo, menos a tal da personagem. O que aparece é o ator. Só ele. E isso já é vaidade o suficiente para fechar as cortinas dois minutos depois de haver erguido o pano. A palavra é potente quando ela, a palavra, já contém o que precisa significar, não havendo qualquer necessidade de encontrar o que ela esconde. A boa palavra não esconde nada, só revela. E os mistérios que existem - porque há mistério em tudo! - é saber pronunciá-la, não senti-la. E essa tarefa é mecânica sim, exige altas doses de esforço e de sensibilidade. E é tudo mecânico e artificial por essência e princípio, porque é preciso compreender que arte é, sobretudo e antes de tudo, um conjunto maravilhoso de artificialismos encomendados, engenhocas colocadas em movimento. Se o ator é ruim e recebe por isso a qualificação de 'ser mecânico', é menos pelo fato de haver mecanicidade nas suas ações do que pela simples razão de que ele é ruim mesmo, por natureza, prática e origem.

Uma obra viva não tem nada a ver com a verdade. A verdade esbofeteia nossos rostos a cada esquina. Isso sim é que é preguiça: copiar as escalas naturais da vida e botá-las no terreno da metáfora, como se fosse preciso convencer quem quer que seja de que nós somos esse quem somos, que sentimos isso o que sentimos. Tudo ao contrário: MAIS MENTIRAS PROCLAMADAS! MAIS DISFARCES EXPLÍCITOS, MAIS BRINCADEIRA E MENOS IMERSÃO EM SABE-SE LÁ QUAL SERIEDADE DO SENTIMENTO!



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