segunda-feira, 5 de junho de 2017

Acho uma maravilha saber que ao pisar no palco aqui, nesse palco daqui, o povo lá do Acre será impedido pelas regras da geografia de me ver e ouvir. E nada contra o Acre, que adoro justamente porque está lá em cima de nós, distante tanto quanto Rondônia e o Amazonas também estão. Mas poderia ser Pindamonhangaba ou Itapecerica da Serra, tanto faz. Adoro teatro também por uma razão negativa: o fato de alguns poderem me ver e ouvir pressupõe que um milhão de outros, pela distância que nos separa, estejam longe de mim, surdos e cegos para o que eu faço quando faço teatro. Acho um crime essas empresas que filmam teatro. Elas matam o teatro e tornam o ator de teatro um estúpido, um macaqueador imprestável. Teatro é bom porque impede que o ator seja conhecido para além de suas fronteiras misteriosas.

O resto é silêncio.

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