quarta-feira, 5 de abril de 2017

"Saber não é raciocinar nem especular: saber é ater-se à realidade das coisas." Xavier Zubiri.
Completo eu: ser ator não é interpretar (viver) ou representar a personagem, é produzir potencialidades de presença. Sentir e inteligir, para Zubiri, são a mesma coisa. Personagem e ator respeitam a mesma regra de identidade comum. Portanto, um método que prometa chegar até à personagem é, por princípio, meio e fim, um contra-senso sem tamanho. Tudo está dado, e desde o início. Um bom autor de teatro não escreve personagem nenhum, mas vetores concretos de interferência numa determinada realidade construída como história a ser contada diante do espectador. Outro absurdo é imaginar o ator que busca dentro de si o gatilho emocional para compor a personagem. Não existe composição nenhuma senão um diálogo imediato e apreendido entre aquilo que existe enquanto presença: palavra, espaço, cenário, luz, som. A atualização desse diálogo é o exercício constante do ator. Inteligir e sentir são a mesmíssima coisa também para ele.

Filosofia e teatro são departamentos irmãos no que se refere ao entendimento do que faz o homem na vida, e sobre a razão de existência do ator no palco.

Teatro é um terreno produtor de realidades artificiosas.

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