sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Acho tudo o contrário do que se pensa habitualmente. Ator é alguém condenado a não sentir, a não imaginar, a desistir de conhecer a si mesmo e buscar no íntimo a substância da expressão. Ator, na sua condição de ator, não ilumina, e sim escurece. É necessariamente solitário e nada afeito aos afagos dos confetes da convivência. Ator não faz laboratório, workshop, vivência emocional. Ator não se presta ao exercício de fazer esforço para chegar até a personagem. Ator não se preocupa com a personagem. Ator não considera a personagem como material de trabalho. Ator não aplica método de interpretação. Aliás, ator nenhum interpreta, ou deveria interpretar. Na ausência de todas essas periferias inúteis, aí sim, funda-se o terreno possível de existência do ator. O resto é silêncio, ou barulho excessivo, tanto faz.


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