sábado, 10 de dezembro de 2016

A perda da capacidade de narrar uma história é coisa significativa dos tempos atuais. É a perda igualmente de uma ética, de um trabalho para além do indivíduo. Hoje, governa tudo o que é dramático e esquecemos do épico, daquela atitude de estar diante de uma audiência com a tarefa de contar algo. Hoje, o bom ator é aquele que chora, que torce as tripas, que se debate no chão em dor sentimental. O ator típico da TV, enclausurado em seu Close-UP de emoções em ebulição. Queremos saber tudo dele, e ele se dá ao direito de contar tudo sobre si. A capacidade perdida de contar uma história é um outro terreno: o da razão e, sobretudo, o da imaginação. E isso também implica em um prejuízo político aos tempos atuais. Porque tudo o que é sentimental é mais fácil de ser manobrado. Perde-se a capacidade de pensar, de imaginar, de contribuir enquanto indivíduo para uma sociedade mais inteligente. Quem nasceu para o teatro hoje já nasceu para resistir.


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