segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Não é curioso que tenhamos por ofício ser tantos quanto sabemos que jamais poderíamos ser? Mas, ainda mais surpreendente que isso é entender que por trás dessa aventura de personalidades múltiplas nunca nos despedimos daquele um que somos, desse um que desde o início fomos, e que escondemos em benefício dos disfarces que vestimos. Porque, a bem da verdade, só podemos ser tantos justamente porque é impossível ser tantos, porque mentimos que os somos todos, mas mentimos tão bem que enganamos, a nós e aos outros, e sem deixar de preservar esse riso contido de quem sabe que está sendo visto, e de que é preciso levar adiante a farsa toda, que é, no saldo final dos enredos, muito mais interessante do que a própria vida.
Se somos todos atores, é igualmente verdadeiro dizer que só aos atores de ofício cabe o direito de desfrutar dessa maravilhosa arte de enganar e de saber que se engana.



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