Acredito que todos deveriam ter um projeto íntimo de solidão. Um canto reservado, por menor que seja, para a manutenção desse desespero de sentir-se absolutamente só e desamparado. Acredito que é a convivência com esse terreno o que nos torna alertas e conscientes para tudo o que está para além de nós. E o inverso também é verdadeiro: quanto mais multiplicamos companhias, atenções, tarefas, mais cegos nos tornamos para o perímetro que foge das pequenezas que habitamos. Quanta gente rodeada de filhos, parentes, bichos de estimação, samambaias, gente que arma um cenário de conforto e segurança sem desconfiar da enorme burrice que cultiva e prega como sentido maior de suas diminutas existências.
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