sábado, 24 de janeiro de 2015

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Insisto na dificuldade da obra. Ou a obra é difícil, intrincada, merecendo esforços para torná-la visível, ou melhor seria não dar-lhe atenção. O mesmo procede com os artistas. A dificuldade nesse caso é a consciência da dor, dos pedaços que devem ficar no meio do caminho para deixar que a obra tenha a sua jornada. Ou melhor, tal consciência não é objeto forjado, ela existe por princípio, sem interferência alguma de desejos outros. Arte é coisa muito mais próxima de uma condenação anônima, silenciosa, do que do burburinho feliz da exposição. Há infinitas razões para não se fazer arte alguma. E só se deveria fazer arte quando essa única razão que sobra fosse tão poderosa a ponto de contaminar a alma e o corpo de todos que dela tomam parte. O desperdício está em tornar tudo corriqueiro, leve, degustável. Aí temos uma epidemia nada contagiosa, no máximo um vírus autorreferente que só faz alimentar o ego

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