segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

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Nesse mundo nada dramático, ou excessivamente dramático - o que dá na mesma - o drama, enfim, essa coisa encenada como matéria de expressão pública, pouco ou nada tem de importante. O que vale são os monólogos diários, íntimos, lacrimosos ao extremo, que nascem como tentativa de angariar plateia ao mínimo do que somos. O que vivemos hoje é um teatro de moldura decadente, de cenários compostos por tábuas vergadas, o próprio palco ruindo aos nossos pés. E o que torna tudo mais patético é a ideia de que há jeito de ser interessante nessa insistência em defender a persona, o eu, a subjetividade do mundo oco que nos habita. Nossa época é uma época miserável quando se trata de fazer da expressão um ofício. O artista hoje é quase sempre um sujeito preso entre duas armadilhas: a de virar um personagem de si mesmo, cheio de charme contagioso, e afeito ao ibope das massas, ou então a padecer em um eterno exílio contemplativo, vazio de audiência, justamente porque foge conscientemente do exercício da exposição a todo custo.

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